
Caminhada pacífica
A caminhada saiu da Assembleia Legislativa logo cedo e seguiu até o Palácio do Governo. Pelo caminho, os manifestantes gritaram palavras de ordem, sendo observados de longe pela polícia. Das janelas dos prédios, muitos moradores demonstravam apoio ao protesto. “Há muita coisa para reivindicar, mas o movimento tem que ser organizado e sério”, disse a moradora Janine Neto, professora da rede particular de ensino.

Os manifestantes se dirigiram depois para o Palácio da Fonte Grande, também no Centro da Cidade, e também foram recebidos a balas e bombas. Os policiais atiraram a esmo, inclusi
ve contra a imprensa que cobria o protesto. Esse foi o caso da jornalista Bárbara Hora, membro da Juventude do PT, que foi presa quando cobria o evento para as redes sociais.Um manifestante relatou que, durante o protesto, um policial da Rotam chegou a sacar uma pistola contra as pessoas. Na Praça Costa Pereira, outro PM também mirou a arma de fogo (letal) contra um grupo de estudantes. Um manifestante passou mal ao ser preso. Já algemado, ele conseguiu fugir e desmaiou no meio da rua, sendo socorrido pelas pessoas.
Professores da Ufes escapam da truculência policial
Professores, técnico-administrativos e estudantes da Ufes foram alvo da batalha campal. A PM atirou contra as pessoas e traseuntes, causando indignação geral. No confronto, vidraças foram destruídas, monumentos públicos danificados, barricadas montadas, pessoas ameaçadas, tudo em meio de gritos de ‘sem violência’.
O professor da Ufes, Maurício Abdala, escapou por pouco de ser ferido na rua sete de setembro. “um tiro de borracha bateu no cinto da minha calça. graças a Deus, tenho o corpo fechado”, diz.
Revoltados, manifestantes mostraram ao presidente Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Espírito Santo (OAB-ES), Homero Junger Mafra, uma série de cápsulas de balas recolhidas nas ruas. “Isso é uma demonstração do despreparo da polícia. A Ordem condena essa ação e também o excesso de alguns que estão desvirtuando o ato”, criticou Mafra que acompanhava de perto o protesto.
Em seguida, o presidente da OAB reiterou o apoio da Ordem a todas as manifestações legítimas. “Que os atos de violência que todos assistimos nesta sexta-feira não sirvam de empecilho para o necessário diálogo entre o Poder Público e os legítimos manifestantes”, disse.
Nota de repúdio
A violência policial registrada nessa sexta-feira tem antecedentes. Na segunda-feira (15), manifestantes foram impedidos de acompanhar a sessão da Assembleia Legislativa, que arquivou o Projeto de Decreto Legislativo 69/2013, que propunha o fim da cobrança do pedágio na Terceira Ponte.
Apesar de a participação popular ter sido um dos pontos do acordo entre os integrantes do “Movimento Ocupa Ales”, que permaneceu no prédio do legislativo por 12 dias, e a cúpula da Casa, o grupo foi atacado pela tropa de choque da PM, que estava em número muito superior. Vinte e quatro entidades, entre elas a Adufes, assinaram nota de repúdio contra o ocorrido.
Data: 22/07/2013